· Doutrina dos Nicolaítas
Assim tens também os que seguem a doutrina dos Nicolaítas, o que eu odeio.
Arrepende-te, pois, quando não em breve virei a ti, e contra eles batalharei com a espada da minha boca.
Os Nicolaítas se diziam seguidores do diácono Nicolau citado no livro de Atos 6:5. Nicolau foi formado numa seita Gnóstica e herética a qual pregava quê o que alguém faz no corpo não afeta a vida espiritual, neste ponto assemelhava-se a Doutrina de Balaão, e, por essa razão as duas são citadas lado a lado por Jesus em Apocalipse 2: 14,15.
E este parecer contentou a toda a multidão, e elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, e Filipe, e Prócoro, e Nicanor, e Timão, e Parmenas e Nicolau, prosélito de Antioquia; Atos 6:4-5
Cita-se o nome de 07 Diáconos no livro de Atos dos Apóstolos 6:4,5, entre eles Nicolau. Hipólito de Roma diz que o diácono "Nicolau" dos Sete diáconos (veja Atos 6:4,5) era o autor da heresia e líder da seita. Essa Doutrina odiada por Cristo e citada duas vezes no livro de apocalipse, tanto na Carta direcionada a Igreja de Éfeso como na carta Direcionada a Igreja de Pérgamo.
A Doutrina de Nicolau surgiu por volta de 100 D.C., consiste em criar uma espécie de casta superior dentro da Igreja, ou seja, o clero, formando uma Hierarquia dentro do clero, o que com fortes evidencias influenciou na Formação do Clero Católico Romano.
Nicolau conseguiu arrebanhar alguns seguidores principalmente nas Cidades de Éfeso e Pérgamo, (Ap. 2: 6,15) os quais eram conhecidos como Nicolaítas. Cristo faz alusão a Doutrina dos Nicolaítas deixando claro que odeia esta doutrina. A Igreja de Éfeso se aborrecia com as obras do Nicolaítas, o que era um ponto positivo para a Igreja. Mas, a Igreja de Pérgamo possuía alguns seguidores que seguiam a Doutrina de Nicolau, ou seja, Nicolaítas infiltrados na Igreja.
Mas isto tens, que aborreces as obras dos Nicolaítas, as quais eu também aborreço. Apocalipse 2:6
Assim tu tens igualmente aos que seguem o ensino dos Nicolaítas.
Apocalipse 2:15
Veja o que disseram os Pais da Igreja sobre os seguidores de Nicolau, os Nicolaítas:
• Irineu de Leon acrescenta que o Nicolaítas “... Levam vidas de Indulgencias Ilimitadas”, o que significar dizer que a Concessão de perdão não tem limites, abrindo espaço assim para o pecado desenfreado dentro da igreja. O que se encaixa com a colocação de Judas em sua Carta.
Pois certos homens se introduziram furtivamente (ímpios, cuja sentença há muito tempo está lavrada), os quais transformam a graça de nosso Deus em dissolução e negam a nosso único Mestre e Senhor Jesus Cristo.
• São Vitorino de Pettau (ou Victorinus) diz que eles comiam oferendas dos ídolos.
• Venerável Beda afirma que Nicolas permitiu que muitos homens se casassem com sua esposa
• Tomás de Aquino era da opinião que Nicolas incentivava ou a poligamia ou que os homens tivessem esposas em comum.
Coisas mais graves sobre Nicolau escreveu Eusébio de Cesárea:
“1. Nesta época surgiu também a heresia chamada dos Nicolaítas, que durou pouquíssimo tempo e da qual também faz menção o Apocalipse de João [1]”. Estes se jactavam de que Nicolau era um dos diáconos companheiros de Estevão encarregados pelos apóstolos do serviço aos necessitados [2]. Pelo menos Clemente de Alexandria, no livro III dos Stromateis, conta sobre ele, literalmente, o que segue:
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Eusébio de Cesareia |
2. "Este, dizem, tinha uma mulher muito formosa. Depois da ascensão do Salvador, tendo os apóstolos reprovado seu ciúme, trouxe sua mulher a público e permitiu que se entregasse a quem quisesse, pois diz-se que esta prática está de acordo com o dito: 'Deve-se abusar da carne'[3]." E na verdade, por seguir o que foi feito e dito por simplicidade e impensadamente, os que compartilham sua heresia se prostituem sem a menor reserva.
3. No entanto, eu sei que Nicolau não teve trato com nenhuma mulher que não aquela com quem estava casado, e que de seus filhos, as mulheres chegaram virgens à velhice e o rapaz permaneceu puro. Sendo isto assim, a exposição de sua mulher, da qual tinha ciúmes, no meio dos apóstolos, era um desprezo à paixão, e a abstenção dos prazeres que mais ansiosamente são procuradas ensinava a "abusar da carne", pois creio que, conforme o mandato do Salvador, ele não queria ser escravo de dois senhores [4], o prazer e o Senhor.
4. Dizem igualigualmente que Matias ensinava isto mesmo: para a carne: combatê-la e abusar dela, sem consentir-lhe nada para o prazer; e para a alma, fazê-la crescer mediante a fé e o conhecimento. Isto, pois, seja o bastante sobre aqueles que, se na época mencionada empreenderam a tarefa de perverter a verdade, extinguiram-se, contudo por completo em menos tempo do que leva para dizê-lo.
[1] Ap 2:6-15.
[2] At 6:5.
[3] O dito é equívoco, significava originalmente que se deve colocar a carne sob as provações mais rigorosas. Os Nicolaítas interpretaram-no em sentido licencioso.
[4] Mt 6:24; Lc 16:13.
Trecho acima foi extraído: EUSÉBIO DE CESARÉIA. HISTÓRIA ECLESIÁSTICA. Livro III. Tradução de Wolfgang Fischer. São Paulo. Novo Século, 2002.
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